Clinicas Persona - Complicacoes amamentacao

Complicações durante a amamentação


Organização Mundial da Saúde recomenda que a primeira mamada ocorra logo na primeira hora de vida do bebé.

No parto normal, a mãe está pronta para dar de mamar pouco depois do bebé nascer graças à produção hormonal que incita a subida/descida do leite.

Além de alimentar o bebé, o leite materno reforça o sistema imunitário pela passagem de anticorpos maternos, ajuda a mãe a recuperar a forma mais rapidamente no pós-parto, previne alguns tipos de cancro e reforça o vínculo entre mãe/bebé.

No entanto, é muito comum que durante a amamentação possam surgir alguns incómodos e complicações, que são as principais causas para muitas mulheres desistirem de amamentar.

Conhecer os sintomas, descobrir as causas e saber como atuar de forma correta, é fundamental para ajudá-la a ultrapassar as dificuldades com maior segurança e conseguir continuar a amamentar.

Conheça os 4 problemas mamários mais comuns durante a amamentação:

  1. Mamilos gretados

Ainda durante a gravidez, os seus seios sofreram alterações que os prepararam para a amamentação e é natural que sinta alguma sensibilidade mamária durante toda a gravidez ou alguns meses antes do parto.

Quando inicia a amamentação os mamilos podem tonar-se mais sensíveis, o que pode dar origem a desconforto ou mesmo fissuras logo no início da amamentação, tornando este um processo doloroso.

As fissuras podem estar presentes na extremidade ou na base do mamilo.

O facto de o mamilo gretar não está diretamente associado à frequência com que dá de mamar ou à sua duração.

A causa mais comum destes problemas é uma má adaptação do bebé à mama, nomeadamente, quando o bebé mama apenas no mamilo e não no mamilo e aréola.

O que fazer:

  • Verificar a pega na mama do bebé, sendo que a boca do bebé deve segurar não só o mamilo, mas também parte da aréola;
  • Dar de mamar de forma correta, sentada ou deitada, mas de modo a que se sinta confortável e que o bebé esteja de frente para o mamilo;
  • Iniciar a amamentação pelo mamilo menos doloroso;
  • Massajar as mamas antes de começar a dar de mamar;
  • Não interromper a amamentação, deixando que seja o bebé a fazê-lo. Se necessitar de o fazer, deve colocar um dedo entre a aréola e a língua do bebé de modo a interromper a sucção;
  • Aplicar algumas gotas de leite materno após o banho e cada mamada e deixar secar ao ar;
  • Lavar os mamilos apenas uma vez por dia (hora do banho);
  • Proteger a pele dos mamilos com uma pomada cicatrizante adequada;
  • Aplicar discos de hidrogel para aliviar o desconforto;
  • Evitar a utilização de discos absorventes impermeáveis;
  • Utilizar conchas de arejamento, protegendo o mamilo do contacto com a roupa, mantendo-o bem limpo e seco;
  • Tratar as irritações dos mamilos mal sinta algum sinal de desconforto.
  1. Ingurgitamento mamário 

Por volta do terceiro dia pós-parto ocorre a subida/descida do leite e sentirá o seu peito mais cheio, pesado, tenso, quente, vermelho e doloroso.

Pode ainda surgir febre (38º). Esta alteração é sinal de que o colostro começa a mudar para leite de transição (4 a 5 dias após o parto) e designa-se ingurgitamento fisiológico.

O ingurgitamento mamário deve-se à acumulação de leite nas mamas devido ao aumento de produção leite e à quantidade de sangue e de fluídos no tecido mamário e acontece quando os seios ficam doridos e tensos devido à deficiente drenagem do leite.

Tudo isto pode provocar uma maior dificuldade na saída do leite, desconforto quando dá de mamar e tensão mamária.

O ingurgitamento pode ser passageiro (até 24 horas) ou durar vários dias (4 a 5 dias).

O que fazer:

  • Iniciar a amamentação logo após o parto em livre demanda (sempre que o bebé quiser) já que ao aumentar a frequência das mamadas vai estimular a drenagem do leite;
  • Assegurar que o bebé está a fazer uma pega correta;
  • Antes da mamada aplicar calor (placa térmica/compressas quentes ou chuveiro com água morna) e massajar com a ponta dos dedos, em movimentos circulares, desde a base da mama em direção ao mamilo, retirando um pouco de leite manualmente;
  • Colocar o bebé a mamar primeiro na mama mais cheia e esvaziar até ao fim;
  • No final da mamada, faça uma massagem circular sobre os nódulos que encontrar;
  • Se após a mamada o ingurgitamento ainda for marcado, deve retirar o leite manualmente ou com uma bomba extratora de leite, até aliviar o desconforto;
  • Quando terminar, deve aplicar frio (placa térmica/gelo protegido ou compressas frias) para reduzir o edema e o desconforto;
  • Na mamada seguinte deve repetir o mesmo procedimento na outra mama;
  • Evitar roupas que apertem as mamas.
  1. Bloqueio dos ductos mamários

Os ductos mamários são os canais de drenagem do leite.

Por vezes, ocorre o seu bloqueio durante a subida do leite, formando-se um nódulo que impede a passagem do leite, o que provoca dor e vermelhidão localizados.

O que fazer:

  • Amamentar em diferentes posições, de forma a esvaziar todas as partes da mama;
  • Fazer uma massagem no local do nódulo e uma ligeira pressão para ajudar a esvaziar aquela parte da mama, em especial no momento da mamada;
  • Aplicar calor;
  • Evitar o uso de peças de vestuário muito justas e optar por um tamanho de soutien adequado que apoie corretamente o peito, mas que não o comprima.
  1. Mastite

A mastite é uma complicação mais grave, ou seja, uma inflamação do tecido mamário, consequência dos problemas falados anteriormente, muitas vezes porque estes não foram tratados de forma correta.

Caracteriza-se por uma inflamação (dor, vermelhão, tensão, calor localizado) com ou sem infeção, que pode ser acompanhada por febre alta e mal-estar.

Pode estar associada ao ingurgitamento de um ou dos dois seios, ao bloqueio de ductos (canal onde passa o leite) ou a situações infeciosas associadas à contaminação por microrganismos através dos mamilos gretados.

O leite pode apresentar alterações visíveis de consistência e de cor, nomeadamente, presença de sangue ou pus.

O que fazer:

  • Tratar o ingurgitamento e os mamilos gretados, com todas as dicas faladas anteriormente;
  • Esvaziar a mama afetada, manualmente ou com bomba e assegurar o esvaziamento completo;
  • Evitar a compressão excessiva da mama com os dedos durante a amamentação;
  • Evitar roupas que comprimam a mama;
  • Na suspeita de mastite procurar aconselhamento médico.

Resumo

Mas acima de tudo o mais importante é não desistir e continuar a amamentar.

Pode ser doloroso, mas é o mais importante nesta fase para que haja uma boa drenagem do leite.

Se não conseguir sozinha procure ajuda de profissionais para manter a amamentação e encontrar estratégias que a ajudem a diminuir o desconforto causado por estes problemas. Gradualmente, o seu corpo ajusta-se e começa a produzir exatamente a quantidade necessária que o seu bebé precisa.

O sucesso da amamentação deve-se, também, à forma como a encara, por isso mantenha-se calma e confiante, descanse, descomplique e siga o seu instinto.

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