O assunto é controverso e há estudos científicos que indicam benefícios e outros que apontam em sentido contrário. As opiniões dividem-se e esta é uma discussão que divide médicos e nutricionistas.
Efectivamente, o ser humano é o único animal que continua a beber leite na idade adulta e ainda para mais leite que não é o da sua espécie.
Quais são os argumentos contra? Além da intolerância à lactose (associada a diarreia, cólicas e gases) os estudos indicam também relação com o aumento do risco de doenças cardiovasculares (pelo teor de gordura saturada) e aumento do factor de risco para o desenvolvimento de vários tipos de cancro. O leite tem também uma série de compostos bioquímicos e hormonais que vão ter acção directa sobre o organismo, sendo a principal fonte de galactose, que provoca stress oxidativo (associado ao processo de envelhecimento), inflamação crónica, neurodegeneração e menor resposta imunitária.
Apesar dos argumentos contra, o leite de vaca continua a ser uma importante fonte de nutrientes, especialmente devido à sua composição proteica e mineral, sendo uma fonte indiscutível de cálcio. Em relação às vitaminas, o leite é rico em biotina, vitamina A, B2 e vitamina D.
De salientar a diferença entre intolerância à lactose (incapacidade de digerir o “açúcar do leite” devido à deficiência ou ausência da enzima lactase) e alergia às proteinas do leite de vaca (reacção do sistema imunitário que provoca libertação de anticorpos e outros agentes defensivos). Segundo a Sociedade Portuguesa de Gastroenterologia, cerca de um terço da população portuguesa sofre de intolerância à lactose.
No caso de ser intolerante à lactose, a ingestão de iogurte ou queijo é na maioria dos casos viável, na medida em que o processo de fermentação do leite reduz significativamente o seu teor de lactose. Como alternativa podem ser consumidas bebidas de origem vegetal: soja, amêndoa, arroz, aveia.
Segundo a Direcção Geral de Saúde, a osteoporose afecta em portugal mais de meio milhão de pessoas, essencialmente mulheres, pelo que é de extrema importância a ingestão de vitamina K (vegetais verdes), vitamina D (necessária exposição solar), cálcio (lácteo ou através de suplementos) e a prática de exercício físico regular.
Para uma escolha consciente quanto à ingestão ou não de leite, fale com o seu nutricionista. Só assim é possível avaliar e indicar qual a melhor estratégia alimentar a seguir e ter a garantia de um acompanhamento personalizado e adaptado às suas necessidades específicas.