Perturbações alimentares

As perturbações alimentares correspondem a um conjunto de distúrbios que têm como principal fundamento um excesso de preocupação com o corpo, mais concretamente, com o peso corporal, que, por conseguinte, leva a comportamentos alimentares anómalos, que resultam em diversos prejuízos para a saúde. Ocorrem mais frequentemente no sexo feminino e são consideradas uma das perturbações mais comuns em mulheres jovens.

No entanto, a sua prevalência é baixa, variando de 0,5% a 4,2%.

Existem diversos tipos de perturbações alimentares, mas os três tipos mais conhecidos são a anorexia nervosa, a bulimia nervosa e o transtorno da compulsão alimentar periódica e, portanto, vamos distingui-los:

• Anorexia nervosa: Nesta perturbação, existe uma distorção mental da própria imagem corporal, ou seja, a pessoa vê-se com excesso de peso mesmo quando já se encontra num estado muito avançado de magreza. E como tal, os primeiros sinais evidentes são, o facto de se recusarem a comer e realizarem exercício físico de forma compulsiva. Ou seja, existe uma grande perda de peso descontrolada, um medo intenso de engordar, uma obsessão pela balança e todo um conjunto de comportamentos persistentes que visam evitar o aumento de peso. Nestes casos, toda a autoestima está centrada na imagem corporal e existe uma total incapacidade de avaliar a gravidade da situação e de a alterar, colocando assim a vida em risco. A longo prazo, é possível associar ao aparecimento de anemia, osteoporose, lesões cardíacas e cerebrais.
• Bulimia Nervosa: Nesta perturbação, ao contrário da anterior, existe a ingestão de elevadas quantidades de comida, no entanto, para que não exista o ganho de peso, as calorias ingeridas são eliminadas através de laxantes, clisteres, diuréticos, pela indução do vómito e até pelo excesso de exercício físico. Todos estes comportamentos são realizados em segredo e existe um forte sentimento de culpa e de vergonha, porém o quadro torna-se repetitivo, porque existe uma sensação de alívio quando o estômago está novamente vazio. Nestes casos, está muito presente a sensação de perda de controlo e a autoestima está igualmente centrada na imagem corporal, como na anorexia nervosa. A longo prazo, podem desenvolver refluxo gástrico, desgaste dos dentes e até enfartes.
• Transtorno da compulsão alimentar periódica: Nesta perturbação, do mesmo modo que na bulimia, existem períodos de ingestão descontrolada de alimentos, mas, neste caso, os pacientes não eliminam o excesso de calorias. Existe uma sensação de perda de controlo durante os episódios de ingestão compulsiva bem como sentimentos de culpa e vergonha causados por essa conduta. Nesses episódios, o paciente come mesmo sem sentir fome, até se sentir desconfortável. A longo prazo, as pessoas deste grupo podem desenvolver hipertensão arterial, diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares.

Embora se desconheça verdadeiramente a causa, estas perturbações são complexas e são influenciadas por diversos fatores de natureza genética, biológica, psicológica e até ambiental. Como tal, podemos dar alguns exemplos:

• Ter uma baixa autoestima ou uma insatisfação com a aparência física;
• Receber comentários negativos de forma sistemática sobre o corpo;
• A participação em atividades onde é necessário exibir muito a imagem corporal;
• Envolvimento em situações traumáticas (ex: violação, violência doméstica ou de outro tipo, morte de um ente querido, entre outros);
• Pós-parto, visto que existe uma mudança drástica na imagem corporal.

O tratamento deve ser iniciado logo após os primeiros sinais e assim que seja possível, pois quanto mais tardio for, mais difícil será alcançar bons resultados.

De um modo geral, deve haver envolvimento de uma equipa multidisciplinar, em que o papel do psicólogo ou psiquiatra é essencial para um tratamento eficaz, contudo, o dos nutricionistas também, para definir o melhor plano alimentar em cada caso.

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