Soja – Um alimento controverso
A soja sempre foi conotada, dada a sua origem vegetal, como alimento saudável e de consumo seguro por qualquer pessoa independentemente, do derivado alimentar consumido, do tipo de processamento e da quantidade ingerida. Mas será mesmo assim?
Os feijões de soja crus contêm quantidades interessantes de vários nutrientes, dos quais destacamos o manganês, selénio, cobre, potássio, fósforo, magnésio, ferro inorgânico, cálcio, Vitaminas B1, B2 e B6 além da vitamina K. São uma excelente fonte de proteína, não tanto como a carne, peixe e ovos, mas superior à grande maioria das plantas, contudo, ao ser processada a altas temperaturas, as proteínas da soja perdem qualidade. Os ácidos gordos, mais frequentes, na gordura da soja, são os ómega 6, que em quantidades elevadas contribuem para o aumento do processo inflamatório, pelo que devemos ter em atenção o uso excessivo de óleo de soja e o consumo de alimentos processados onde ele se encontre em elevada percentagem.
Largamente cultivada e consumida nos países asiáticos mas praticamente desconhecida no mundo ocidental até aos anos noventa, a soja, e em particular, os seus derivados, foram ganhando espaço no nossos mercados, como alternativa vegetal, e supostamente mais saudável, ao leite e derivados lácteos, livre de colesterol, e com potencial para combater problemas emergentes, como a obesidade, doença coronária e até alguns tipos de cancro.
Algumas evidências apontavam de facto interesse nas propriedades nutricionais presentes na soja, como a redução do colesterol total, melhoria do perfil lipídico e até ajudando a aliviar sintomas associados à menopausa nas mulheres. Contudo, novos estudos científicos, que ainda carecem de maior investigação, sugerem que as isoflavonas (compostos bioativos presentes na soja), dada a sua semelhança química com hormonas humanas, como por exemplo os estrogénios, funcionam como disruptores endócrinos, interferindo com o normal funcionamento das hormonas corporais e aumentando a probabilidade de crescimento descontrolado de alguns tipos de células, além de prejudicarem a função da tiróide e inclusive poderem reduzir a fertilidade feminina.
Para podermos usufruir dos potenciais benefícios associados à soja e minimizarmos ao máximo alguns dos potenciais riscos do seu consumo devemos escolher ingerir somente produtos derivados que sejam minimamente processados, de preferência orgânicos e provenientes de culturas não geneticamente modificadas, ou seja, beneficiar do seu valor nutricional sem o açúcar adicionado, o sal, os conservantes e gorduras prejudiciais, muitas vezes presentes em “bifes de soja”, barras energéticas, iogurtes de soja e fórmulas proteicas. Devemos assim dar preferência ao consumo de soja ao natural – edamame (feijão de soja cozinhado dentro da vagem) muito raro em Portugal, ao tofu e ao miso.
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Gosto muito das publicações que fazem sobre alimentação, mas o meu género alimentar é mais comum, ou seja comida Portuguesa, as dietas prescritas pelos vossos nutricionistas baseiam-se na comida tradicional portuguesa ou nestas modas? Vou marcar uma consulta, mas preciso de saber se faz ou não o meu género alimentar.
Olá Cara Eduarda,
Agradecemos a sua mensagem e informamos que a prescrição alimentar realizada pelos nossos nutricionistas é efetuada juntamente com os pacientes, tendo assim em consideração os seus gostos. Assim, caso não goste do alimento X, esse alimento não será incluído na sua dieta.
Se tiver mais alguma questão ou desejar que entremos em contacto consigo a fim de agendar a sua Consulta, agradecemos que nos informe.
Obrigada e bom fim de semana!